Sinopse:
Ele e Ela se conhecem e isso pode ser a última coisa que fazem na vida. E o fazem consecutivas vezes. Sempre as últimas. Muito jovens, portadores de duas síndromes raras se tornam confidentes dos medos e vontades dos outros. Ela, o desajuste entre melancolia e desejo. Ele, a soma de esperança e redenção. Juntos dão novos significados à existência e ao tempo.
Resumo:
Um menino e uma menina se conhecem no jardim central de um centro de pesquisas de disturbios neurológicos raros. Ele puxa assunto e não se importa em ser ignorado no primeiro momento. Continua falando. É simpático e otimista. Algo que ele fala finalmente desperta a atenção da menina que abre a guarda para uma conversa. Os dois falam sobre as doenças que portam e se despedem. Em algum tempo se encontram de novo no mesmo lugar. E o fazem consecutivas vezes. Ao se despedirem sempre resta a dúvida se será a última vez. Ela, o desajuste entre melancolia e desejo. Ele, a soma de esperança e redenção. Juntos dão novos significados à existência e ao tempo. Se confidenciam medos e desejos. Até o momento em que ele tem uma crise e no jardim e é socorrido pelo pai dela. Ele descobre as suas inveções. Sintomas, diagnóstico, medicação, tudo mentira. Ela frequenta o espaço, porque seu pai é um médico-pesquisador e todo seu conhecimento e dissimulação partem daí. Ele volta ao lugar apenas para se despedir dela. Vai fazer tratamento em outro lugar. Não quer que lhe escreva. Ela fica. Até o fim.
Ideias:
ele: o que você tem?
ela:X
ele: não conheço
ela: é rara
ele: são todas raras
ela: e você?
ele: brugada
ela: essa é comum
ele: é?
ela: aham. [dados]
ela: o mundo é uma síndrome
ele: você mentiu pra mim
ela: estou com medo
ele: fecha os olhos
ele sai, ela permanece. seu corpo em espasmo. vira música.
Ela, o desajuste entre melancolia e desejo. Ele, a soma de esperança e redenção. Com quantos encontros se conta uma história? No que se segurar quando se está caindo no tempo? Como fechar os olhos quando se corre o risco de morrer enquanto dorme?
Eles se conhecem e isso pode ser a última coisa que fazem na vida. E o fazem consecutivas vezes. Sempre as últimas. Finitas últimas. Nenhuma certeza. Duas doenças raras, nada à vista.
Os encontros são sempre no mesmo lugar. Perdido na minha cabeça como os intervalos entre eles.
ele: e se a gente já tivesse vivido muito e esse fosse o fim?
ela: não é assim. não dá tempo de saber como são as coisas.
ele: a gente inventa.
ela: como o que? filhos?
ele: uma viagem de trem, a gente conhece dois anões, eles levam a gente para uma cidade de anões, onde tudo é pequeno...
ela: de repente um homem apressado passa à cavalo...
ele: ele pede ajuda aos jovens...
ela: saudáveis...
ele: ele pede ajuda aos jovens saudáveis... posso segurar sua mão?
ela: ele segura a mão dela e os três...
ele: não. agora.
ela: não
O meu nome é João, tenho 29 anos e um caso um pouco diferente do vosso mas se calhar tão debilitante.
Há cerca de 10 anos que tomei conhecimento de que jovens aparentemente saudáveis morriam sem mais nem menos em questão de segundos, levando me a desenvolver uma doença chamada distúrbio do pânico e ansiedade acompanhada por agorafobia. Nessa altura em que começaram os ataques, fiz alguns electrocardiogramas e o resultado era sempre “traçado normal”. Com recurso a medicamentos psiquiátricos voltei a ter uma vida mais ou menos normal. Aí em 2004 a coisa piorou com a morte do Miki Feher. Comecei novamente a ter ataques de panico e a não conseguir sair de casa porque poderia ter uma paragem cardiaca a qualquer momento. Pedi ao meu médico para fazer mais uns exames e fiz um eco e um electro nesse mesmo mês. Resultado, tudo normal. Continuei com esta vida de medo até 2008 altura em que comecei com novas crises de medo e de insegurança. Fiz um Holter e mais uma vez o resultado foi normal, acusando apenas uma extra sistole que o médico disse que não era nada. Sempre gastando rios de dinheiro em psiquiatras, acabei por consultar um cardiologista muito bom aqui em Leiria que me disse que eu não tinha absolutamente nada a não ser um problema psicológico. Esqueci me de dizer que durante estes anos todos deixei de estudar e praticamente nunca consegui manter um emprego. Não pratico qualquer tipo de desporto pois tenho imenso medo, passo os dias em grande depressão, não vou a estádios de futebol com medo de ter emoções fortes, não viajo, passo os dias a ler sobre morte subita em jovens. O ano passado tive mais uma grande crise e voltei ao cardiologista, fiz mais um holter e um eco…tudo normal e 6 extra sistoles supra ventriculares no holter. Sei que nestes 10 anos já fiz cerca de 15 electros, 2 ecos e 2 holters tirando os que fiz nas urgencias do hospital quando tinha crises agudas de panico. Fiquei um pouco sossegado com o resultado dos exames, mas foi sol de pouca dura pois no dia de carnaval li uma noticia de uma jovem de 25 anos que morreu subitamente e voltei ao mesmo calvário. Já não sei mais o que fazer, vivo os meus dias sempre com a sensação de que a qualquer momento passo desta para melhor, uma sensação de insegurança que nem voces portadores de ICD têm. Se calhar era isto que eu precisava, conhecer pessoas que jápassaram por aquilo que eu temo. Eu sei que miocardiopatia hipertrófica muito dificilmente eu tenho, assim como as demais cardiopatias estruturais, mas estas doenças como sindrome do qt longo, brugada, tv ideopática são muito mais perigosas e dificeis de detetar, daí a minha constante insegurança. Uma das questões que eu gostaria de perguntar é a seguinte: a todos aqueles que já tiveram um episódio de colapso repentino, o que sentiram antes e quanto tempo durou esse sintoma até apagarem?
Peço desculpa por ter publicado uma coisa que nao tem nada a ver com o assunto do blog, mas vou continuar a seguir vos. Por acaso não têm facebook?
Um abraço para todos e muita saúde.